terça-feira, 12 de abril de 2011

Repensando os Assassinatos em Realengo/RJ


   Esta abordagem visa propor uma reflexão sobre uma conduta assassina e o resgate coletivo no caso da tragédia numa escola pública no bairro de Realengo, município do Rio de Janeiro, nesse mês de abril de 2011. Não tem o propósito de inocentar o criminoso ou mesmo de descriminalizar a conduta. Muito menos de representá-lo perante a justiça dos homens ou de Deus. Essas não são as propostas reais dessa abordagem subjetiva.


  Vivemos numa era de muitos sofrimentos no planeta. São inúmeras as possibilidades de nos tornarmo-nos pessoas infelizes, deprimidas, desacreditadas de um mundo melhor. Para qualquer lado que olhemos conseguimos enxergar prontamente a violência, a tristeza, a miséria e o sofrimento. Apenas para ilustrar, a indústria do crime e do sofrimento alheio tem proporcionado ascensão e sucesso de boa parte, senão da maioria, dos meios de comunicações no Brasil e no mundo. E, como não poderia deixar de ser, esse caso dos assassinatos em série também tem rendido muitos lucros à imprensa escrita, falada e televisiva.

   Compadecemo-nos com as vítimas dessa tragédia, que não são apenas os alunos e alunas feridas ou falecidas, mas, também, seus familiares e toda a sociedade que sofre com o caso. Atitudes como a desse atirador revela ausência de lucidez e provoca uma sensação de revolta e de insegurança em cada um de nós.

   Desde que pensemos nessa atitude tresloucada apenas do ponto de vista físico, pensada e elaborada objetivando aniquilação, destruição e morte, não conseguiremos remontar, ou melhor, entender as causas com que fizeram chegar a esse desfecho sombrio, com cenas dignas de filme de terror.
Toda ação provoca uma reação, preconizava Isaac Newton, embora o caso em tela não se enquadre completamente a sua teoria. Investigadores e especialistas do comportamento humano procuram razões para essa ação doentia, ao qual levou a vitimização de várias crianças e adolescentes.  Sinalizam que deve ter origem nas ocasiões de violência física ou psicológica, mais conhecidas como bullying, no período escolar. Essas “brincadeirinhas de mau gosto” alimentaram um desvio de personalidade, fazendo florescer o gérmen do ódio, gerando um sentimento de vingança não superado ao longo dos tempos. Existe uma máxima que diz: “cada cabeça é um mundo”, e o mundo enfermo desse rapaz conseguiu apenas  processar aquelas informações sob a forma de violência, tal qual como aconteceu, aliada, é lógico, de uma obsessão, a falta de referência fraterna ou de religiosidade cristã mesmo. Isso é tão grave que devemos direcionar esse assunto para discussões nas escolas, nos meios formadores de opinião, e na família, enquanto célula, base para uma sociedade mais saudável e humana.

  Embora atitudes como essa nos choquem pela frieza e desumanidade, olhando do ponto de vista carnal, é importante nos determos um pouco sob reflexão pela ótica espiritual ou espírita.

   Segundo Paulo, em cartas aos Romanos (2,6), afirma: “Deus há de retribuir à cada um segundo suas obras”. Jesus também afirma em Mateus (5,26): “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás daqui enquanto não pagares o último ceitil”. Olhando sob o prisma espiritual todos nós temos débitos diante da vida – entenda-se aqui a vida plena, vida espiritual, imorredoura, aquela pregada pelas religiões – e colhemos os frutos daquilo que semeamos em nossas existências. Ora, se o aniquilamento é apenas do corpo físico e espiritualmente continuamos a viver! E sendo Deus soberanamente justo e bom! Logo concluímos que recebemos de volta aquilo que enviamos para o universo, uma espécie de efeito bumerangue. Isso é da Lei Natural, a Lei de Deus. Com isso, pode representar até uma punição aos nossos olhos, porém caracteriza-se como a chance de sentirmos o que o outro sentiu em determinada ocasião, ou seja, se fizemos outra pessoa sofrer, iremos sofrer de alguma maneira, mas, ao tornarmos felizes os nossos semelhantes, sentiremos a mesma sensação, que não necessariamente terá que ser no mesmo momento ou ainda nesta existência carnal. Também representa a oportunidade de progredir moralmente em razão da superação da faltas e da dor.  Em o Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo - 1ª parte, capítulo IX (Allan Kardec), está escrito o seguinte texto: “Admitindo a falibilidade dos homens, a punição é consequência, aliás justa e natural, da falta; mas se admitirmos concomitantemente a possibilidade do resgate, a regeneração, a graça, após o arrependimento e a expiação, tudo se esclarece e se conforma com a bondade de Deus. Ele sabia que errariam, que seriam punidos, mas sabia igualmente que tal castigo temporário seria um meio de lhes fazer compreender o erro, revertendo enfim em benefício deles”. Contudo, o mais novo entendimento é que Deus não castiga a ninguém, porque não se ressente, mas dá a cada um a oportunidade aprender com os próprios erros, constituindo-se para nós a reparação como algo doloroso, castigo.

   A partir daí, sem pretender por fim ao assunto, mas apenas traçar um viés a trama, aquelas crianças e adolescentes tiveram a grandiosa oportunidade de reparação por alguns débitos pendentes perante a Lei. Sem, no entanto, contraírem novos débitos, conseguiram ressarcir dividendos que por ventura ainda estivam ativos. Sem olharmos pelo ângulo do espírito inferiremos que Deus estaria sendo injusto para com esses seus filhos que não tiveram tempo de cometer atrocidades de tal porte, ou então, Ele(Deus) não seria detentor de todos os poderes, visto não ter condições para intervir nesse caso a ponto de impedir tamanha atrocidade.

  Amigos, todos nós temos débitos para com a Lei Natural e para com o próximo. Não fosse assim, qual a necessidade de vivermos em sociedade. O que precisamos mesmo é reprimir nossas más inclinações, viver em retidão de consciência, ajuizadamente, e amarmo-nos uns aos outros, assim como pregou o Mestre Jesus. Se o memento nos faz refletir sobre a paz, tão necessária e almejada por todos, aceitemos ao convite do cantor e compositor Nando Cordel, transformando em canção: “A Paz no Mundo, Começa em Mim...”

Muita paz!

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