domingo, 15 de maio de 2011

A Morte do Terrorista

   Nessas últimas semanas, verificamos a repercussão mundial da morte de Osama Bin Laden. Percebemos que a população estadunidense, e de muitos outros países do globo, sentiram a alma lavada pela operação militar que culminou com a desencarnação desse extremista sanguinário, ao qual se apresentava como inimigo ferrenho do país mais poderoso do planeta. A todo e qualquer momento jornalístico éramos compelidos a refletir sobre o desencarne do terrorista face ao bombardeio de informações que nos eram direcionadas. Por essas razões, vieram questionamentos do tipo: será que mataram Bin Laden mesmo? Cadê a comprovação de que ele morreu mesmo! Outras pessoas se perguntaram: Será que tudo se acaba com a morte? O que é a morte afinal? 

   Tentar responder a essas últimas perguntas em poucas palavras não é tarefa fácil, mas vamos tentar com a ajuda da Codificação e da vasta literatura espírita.

   A morte é um fenômeno que acomete a todos os indivíduos, sem distinção de raça, sexo, posição social, credo, inclusive em outros reinos da criação, carregando consigo a proposta da renovação. Ora! Se olharmos a morte apenas sob o pondo de vista físico, material, nenhuma razão encontramos nela, como se viéssemos à terra apenas a passeio, em oportunidade única, sem nenhum objetivo elevado.

   Afirma Allan Kardec na obra O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo, que Afeições caras, inteligência, progresso, saber laboriosamente adquiridos, tudo despedaçado, tudo perdido! De nada nos serviria, portanto, qualquer esforço no sofreamento das paixões, de fadiga para nos ilustrarmos, de devotamento à causa do progresso, desde que de tudo isso nada aproveitássemos, predominando o pensamento de que amanhã mesmo, talvez, de nada nos serviria tudo isso.”Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ainda na introdução, Kardec elenca alguns pensamentos socráticos e um deles registrado no Item IX afirma o seguinte: “Se a morte fosse a dissolução completa do homem, muito ganhariam com a morte os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, da alma e dos vícios.”2

   Mas, se olharmos a morte sob o prisma  espiritualista, ou seja, em que cada indivíduo sobrevive, de alguma forma, a cessação da atividade orgânica, então passamos a entender a morte como desencarnação de algo que animava aquele corpo, sendo esse algo o espírito. Com isso, verifica-se que a vida se sobrepõe a vida e a morte aniquila-se por si mesma. Dizemos que o Espiritismo matou a morte!

   A desencarnação não é a destruição absoluta dos seres, mas uma transição essencial aos indivíduos e ao planeta. Os desencarnados nada mais são do que os espíritos daquelas pessoas que viveram na terra e, ao passar para a vida espiritual, continuam com suas ideologias, sentimentos e vontades próprias. No livro Doutrina Viva, especificamente no texto com título Além da Morte (pág. 265), está escrito: Além da morte do corpo, a Vida (sic) prossegue a nos requisitar coerência – nossa harmonização com a própria consciência. [...] Neste Outro Lado (sic), o homem ainda é o que é! A desencarnação não nos promove mudanças radicais. Continuamos a nos sentir tão humanos quanto somos.”3

   Acontece que somos todos espíritos, possuidores de corpos físicos que possibilitam interação material a fim de promover entre nós o aprimoramento intelecto-moral e o aperfeiçoamento das condições de vida no planeta. Infelizmente nem sempre estamos dispostos a colaborar com as leis que nos regem e nos posicionamos, quase que diariamente, de forma a contrariá-las. Basta refletir um pouco o quanto temos agredido o planeta com atitudes antiambientais; o quanto violamos os códigos morais deixados por Jesus na ocasião de sua passagem pela terra e registrados posteriormente pelos evangelistas; o quanto desintegramos pensamentos de elevado teor fraternal e solidário. E, dependendo das nossas posturas perante as outras pessoas, tornamo-nos símbolos de uma sociedade, santificados por reconhecimento, criminosos, terroristas, bons, maus, etc.

   A maneira como vivemos atualmente dirá como seremos depois de desencarnados, enquanto que a felicidade ou a infelicidade na vida espiritual depende muito do nosso comportamento de hoje, traduzidas nas nossas responsabilidades ou irresponsabilidades perante a vida na terra, grandiosa oportunidade de promover nosso avanço na escala divina. Concluímos que não há saltos qualitativos na psiquê dos indivíduos porque mudaram seus padrões de interação pela desencarnação, muitas vezes permanecem por longos tempos disseminando o terror, a discórdia, a criminalidade e a miséria por onde passam, e isso o identifica nas escalas inferiores da espiritualidade. Não nos esqueçamos que a vida é um processo progressivo contínuo, sem retroação, contudo, comumente decidimos estacionar na escala evolutiva e os Céus, por respeitar nosso livre arbítrio, concede-nos sempre outras oportunidades, a fim de que nos posicionemos novamente a caminho da luz.

Bibliografia:
1 KARDEC, Allan. Tradução de Manuel Justiniano Quintão. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. 40ª edição. Brasília: Departamento gráfico da FEB, 1995.
2 KARDEC, Allan. Tradução de Salvador Gentile. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 179ª edição. Araras, SP: IDE, 1994.
3 XAVIER, Francisco Cândido [espírito]; [Psicografado por] Carlos A. Baccelli. Doutrina Viva. Votuporanga, SP: Casa Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2008.
JOSÉ, Irmão [espírito]; [Psicografado por] Carlos A. Baccelli. Segundo o Livro dos Espíritos. Votuporanga, SP: Casa Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2009.

Texto elaborado por Altino Ventura da Silva Júnior
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